terça-feira, 4 de maio de 2010

Digitalização

Desde o lançamento da 1ª edição de “Fazendo meu filme 1”, um “fantasma” me assombra: Será que algum dia meu livro será digitalizado? Com essa moda de digitalizações, nada mais natural esse meu receio e tratei logo de colocar um aviso na comunidade do livro no orkut, pedindo aos leitores que não o fizessem e expliquei o motivo: 

"Peço a vocês que possuem “Fazendo meu filme” que não o digitalizem, pois isso pode prejudicar os futuros livros da Fani, visto que o pedido geral que eu tenho recebido é para escrever mais livros para a série. Os livros de escritoras já consagradas, como Meg Cabot e Stephenie Meyer já são sucesso garantido para as editoras e a digitalização deles não as prejudica em nada. Eu, porém, ainda preciso que a minha editora acredite um pouco mais em mim, que eu sou capaz de trazer lucro para ela com meus livros, pois as editoras sobrevivem desse lucro dado pelos livros publicados por elas. Caso meus livros sejam digitalizados, muita gente que poderia vir a comprar, vai apenas baixar e com isso as vendas deles vão cair, e a editora não vai querer publicar outros livros que eu vier escrever, pois achará que meu livro não está dando lucro suficiente. Por isso que peço a vocês que gostaram dos livros e querem mais, que o divulguem muito, presenteiem as amigas, mas não o digitalizem... é para o bem da Fani! :)"

Acho que os leitores entenderam meu lado, pois até hoje, um ano e sete meses após o lançamento do livro 1 (que já está na terceira edição), com mais de 4000 cópias vendidas (contando só o livro 1), eu ainda não tinha achado nada que denunciasse que o livro pudesse ter sido escaneado. Até hoje. 

Uma leitora me escreveu no próprio orkut dizendo que tinha lido o livro na internet, que tinha encontrado no “Google Livros”. Quando eu procurei lá, não achei. Não sei se ela se confundiu ou se recebeu por e-mail, eu não quis pressionar a menina, pois a culpa não é dela, e sim de quem fez a digitalização. Mas o fato é que eu fiquei chateada, pois isso envolve tantas coisas que vocês nem imaginam. 

Em primeiro lugar vem o fato do meu livro não ser caro. Na Fnac ele está custando 20 reais! Um lanche completo do McDonald's é mais caro do que isso! E - como me disseram hoje no twitter - as pessoas que baixam livros são exatamente as que mais podem comprar. 

Em seguida, vem o que a Carol Christo escreveu hoje aqui. Ela fez um questionamento pelo motivo das editoras publicarem muito mais traduções de livros internacionais do que livros de autores brasileiros. Eu acho que isso é um preconceito não só das editoras, mas das pessoas em geral. Nós, brasileiros, temos uma crença inconsciente de que “o que é importado é melhor”, e saímos por aí devorando livros e filmes em inglês, livros e filmes que por sinal não daríamos a mínima chance se fossem produção nacional. Quantas vezes vocês acham que já passou pela minha cabeça que a Fulana de Tal só não deu 5 estrelinhas para "Fazendo meu filme" no Skoob pelo fato dele ser nacional e que isso não teria acontecido se o nome original fosse “Making my movie” e a autora se chamasse “Paula Pepper”? 

O caso é que as autoras internacionais são, sim, mais confiáveis, porque esse é o trabalho delas, ser escritora é a profissão delas em tempo integral e, com isso, elas têm contratos ‘polpudos’ com as editoras, e podem se dar ao luxo de acordar lindas e descansadas às 10 horas, respirar o ar fresco da manhã e tirar inspiração para lindas histórias. Já nós, brasileiras (e brasileiros), temos que trabalhar em outros empregos e escrever fica relegado a um simples hobby, que fazemos à noite, aos fins de semana... Eu poderia já ter 20 livros escritos se dependesse das minhas idéias, mas - infelizmente - eu dependo do meu tempo. 

Vocês sabem quanto ganha um bom escritor no Brasil? 10% das vendas. Vendas. Isso quer dizer que os livros pra divulgação, os enviados para escolas, revistas, e até esses que vocês ganham pra fazer resenhas e sorteios nos blogs, não são contabilizados. Só se o livro vira um best-seller é que a gente começa a ter uma tímida esperança de tentar viver só disso. 

Eu tenho medo do iPad, do Kindle e do futuro do livro em geral, pois eu sei que isso vai dificultar ainda mais o trabalho do escritor brasileiro. No exterior, as pessoas pagam pela música que baixam na internet, pagam pelos livros digitais, e se não pagam, podem ser presas, o rastreamento de IPs lá é coisa séria e com isso o salário dos músicos e escritores está garantido. Mas e aqui que ninguém paga nada? E aqui que não há punição real para a pirataria? Os músicos ainda podem ganhar com os shows, mas e os escritores, vão viver de quê? 

E é nesse ponto em que eu me encontro. Louca pra me dedicar exclusivamente aos meus livros, morrendo de vontade de escrever sobre tudo o que vocês me pedem (“Paula, por que você não escreve um livro com um protagonista masculino?”, “Paula, escreve um livro de fantasia?”, “Paula, algum dia você vai escrever um livro infantil?”, “Paula, escreve até o Fazendo meu filme 10?”), mas e o medo de não conseguir viver só assim? Eu tenho uma família e um namorado maravilhosos, que me ajudam muito, mas eu não quero passar a vida dependendo deles. Eu quero poder viver de escrever, eu quero que a profissão de escritor (a) seja uma possibilidade no Brasil. Mas para isso, eu preciso do apoio de outras pessoas. De vocês.

O escritor não existiria sem o leitor.

19 comentários:

  1. Ooooi Paula!!!! adorei esse negócio do blog... vou seguir fazendo meu filme enquanto como as unhas esperando FMF3...
    Juro... não sei como alguém pode conseguir ler um livro no pc... dói o olho!!! e não tem coisa mais deliciosa que o cheiro de um livro novo... sou totalmente viciada por cheiro de livros... e nunca tive paciência pra ver nenhum livro pelo pc... compro mesmo... to só com um pequeno problema de espaço nas prateleiras mas a gente releva... e quanto aos iPad e kindle da vida eu fico pensando que se tratando dos livros da faculdade... resolveria minha vida... aqueles livros são mto grandes mas não consegueria ler um romance num daqueles... virar as folhas é legal *-* huahuahua... E sobre ao valor que dão aos escritores no brasil... é realmente vergonhoso... deve ter tanto talento escondidinho por aí né??? Ainda bem que a gente te achou... e espero mesmo que vc viva só de escrever livros... minha vida vai ser bem mais divertida pelo menos... huahuauha
    bjo!!!

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  2. Estou com vc paula, concordo com tudo!

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  3. Falou tudo.

    Eu escrevo e pretendo publicar um dia. Me identifiquei muito com o texto, principalmente na parte do "nariz torto" com livros nacionais.

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  4. tbm concordo!!! aki eh bem mais dificil essa vida de escritor... e eu gosto de livros nacionais... mas eh mais dificil acha-los: as vitrines das livrarias sao mais dedicadas aos livros internacionais...

    mas espero q de tudo certo para vc...

    bjoksss

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  5. Te apoio Paula! Disse verdade e nada mais que a verdade,não gosto de e-books e não leio e-books,sentir o livro na mão é maravilhoso!Espero que seja somente um engano e que eles jamais venham a ser digitalizados,pelo bem de nós em geral e dos nossos autores brasileiros,boa sorte e sucesso sempre!

    Beijokas;*

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  6. Sim, é verdade que o brasileiro adora cultuar a cultura americana, comprando livros, CD's, DVD's etc... Mas ultimamente, o Brasil vem mostrando que tem poder e que os escritores brasileiros são bons e conseguem fazer livros melhores que os americanos! Estou indignado com o que fizeram. Como a Paula disse, não custa nada você ir na Fnac ou em qualquer livraria que seja e comprar um exemplar do livro, se não tem dinheiro para pagar a vista paguem em cartão, cheque, peça dinheiro para a avó, pai, mãe etc... O que tem que entrar na cabeça de vocês é que, os escritores brasileiros dependem desses 10% que recebem e que nós dependemos deles para que escrevam livros maravilhosos com FAZENDO MEU FILEM 1 e 2, como Todas as Estrelas do Céu, como Estrela Píer, Rede de Sonhos etc... Vamos acordar galerinha? Estamos aqui, somos brasileiros e vamos ajudar os nossos escritores, não DIGITALIZEM os livros, quem tem a perder somos NÓS!

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  7. Ah Paula, saiba que com meu apoio você pode contar *-*
    Vamos dar valor ao nosso.

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  8. Paulinha, apoiadíssima. Como eu disse lá no twitter dias desses, nós não queremos ser escritores. Nós queremos ser "só" escritores. Beijo imenso, tô amando a Fani, e não vejo a hora de sentarmos para conversar mais e com calma sobre a nossa profissão maior:-) Beijo!

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  9. Oi Paula.
    Detesto ler livros na net. Eu sou da época do livro na mão e serei sempre.
    Infelizmente o futuro será na net, principalmente para o pessoal que está nascendo agora.
    Mas mesmo assim, acredito nos livros em papel e os escritores terão um modo de ganhar, mesmo que pouco, que já é pouco, com a net.
    Beijos
    Andreia (Dé - meusgatossaolindos)

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  10. Oi Paula,

    Adorei o post/desabafo, e acho que você tem toda a razão quando diz nós leitores temos que apoiar os "nossos" escritores...
    Nos últimos meses tenho visto cada vez mais os autores brasileiros em destaque na mídia e em sites/blogs literários e isso tem aberto a mente de muitas pessoas que torciam o nariz quando a gente indicava a leitura de livros e até mesmo filmes brasileiros... Temos pessoas tão, ou até mais talentosas, do que no exterior, temos autores brilhantes em todos os gêneros, o que falta é apoio, valorização...
    Quando a gente fala em literatura brasileira, as pessoas só pensam naqueles livros obrigatórios da escola (que ninguém lê)... e é essa a visão que precisa mudar.
    Nossa, e eu nem tinha noção de quão pouco um escritor ganha... realmente um pena!!

    beijos,
    Dé...

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  11. Pos PERFEITO, Paula. Assino em baixo, concordo com vc... é uma pena td essa situação do Brasil que vc descreveu.. :/

    Espero q as coisas mudem, sinceramente.. que as pessoas se conscientizem. :/

    Bjos!

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  12. Assino em baixo, concordo com vc. [2]

    Acho isso tudo muito triste,o Brasil e a maioria dos brasileiros não dão valor.Isso deveria acabar, e LOGO.Os escritos são tão importantes para cultura e para a sociedade.Enfim.
    Por favor, não digitalizem ;D

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  13. Vou ser sincera: já li muitos e-books quando não podia comprar e até hoje leio quando não tenho certeza se vou gostar. Mas realmente nada se compara a ter o livro em mãos. Principalmente nesse caso, de apoiar os escritores brasileiros.

    Existe mesmo muito preconceito com autores nacionais, infelizmente. As pessoas não sabem o quanto estão perdendo. Perdem os escritores (e aspirantes), as editoras, os leitores, enfim, a cultura do Brasil em geral. E acho que é aí que está o problema, a gente não valoriza a cultura.

    Tenho esperança de ver esse cenário mudando. Com a explosão de blogs literários, tenho conhecido muitos autores brasileiros que de outra forma eu não conheceria. (Até o espaço destinado nas livrarias é mais escondidinho, já reparou?) Mas isso é coisa a longo prazo, não adianta querer que seja de uma hora pra outra. Talvez você não possa viver de escrever tão cedo, Paula, mas está ajudando a abrir o caminho pra que no futuro isso seja possível.

    Quanto à pirataria, acho que a discussão vai muito além de punir ou não. É questão de saber conviver com as novas mídias sem prejudicar as já existentes e não sei se estamos preparados pra tomar decisões sobre isso.

    Beijos

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  14. Eu sinceramente nem sequer consigo ler um e-book. Dói no olho, sem falar que, à longo prazo, faz mal pra vista... Quando não sei se vou gostar do livro, eu peço emprestado. Eu estou com um livro da minha professora aqui agora. Conheci o FMF no fim do ano passado e não achava pra vender de jeito nenhum! Agora, da última vez que fui no shopping, já tinha os dois FMF na prateleira. Li em um dia e fui direto pro segundo... Até escrevi sobre ele no meu blog... Hoje o meu FMF está com um amiga minha que por mais que ela goste de ler, não têm muito tempo... Não faz uma semana que está com ela, mas ela já passou da metade...

    Beijos

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  15. Paula vc eh maravilhosa, seus livros FMF 1 e 2 me encantaram completamente e eu tb concordo c/ tdo oq vc falou nesse post! Realmente as editoras brasileiras ainda não acreditam mto nos autores nacionais e tem q haver uma conscientização disso para q comecem as mudanças e os próprios leitores respeitem a história da Fani e seus direitos autorais, pq eu espero ainda ler o FMF 10 e tdas as outras séries de livros q vc escrever!!!!!!
    bjosssssssss

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  16. concordo com vc paula ,o Brasil te que mudar!!!!!!

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  17. Eu concordo e não vou mentir eu baixo livros, sim eu baixo por que eu NÃO TENHO CONDIÇÕES DE COMPRAR, todos os meus livros são os mais baratinhos do sebo e os únicos livros que eu tenho é eclipse e beijada por um anjo e mesmo assim foi do sebo e eu só pude comprar um por vez; eu queria colaborar também e comprar todos os livros mais não tem como, meus pais não podem comprar, e só vou começar a comprar livros quando eu tiver um emprego e eu ainda nem terminei o segundo ano! eu estou doida pra ler fazendo meu filme, quem sabe eu consiga alguem pra me emprestar tem a outra coisa, nas livrarias da minha cidade não vendem os livros nacionais que eu quero resumindo: tem frete, meu pai não deixa comprar pela net, mais eu não sou contra e nem a favor da digitalização.

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  18. Eu também escrevo. É a coisa que eu mais amo fazer na vida, ao todos são mais de quatro livros já escritos, todos com pelo menos duzentas páginas, mas pra que? Ninguém lê. Não por enquanto, mas ainda tenho muita fé que em algum dia vou conseguir publicar. Mas me vejo obrigada, enquanto não tenho condições para correr atrás disso, a fazer uma outra faculdade mas sério, assim como você eu digo: - Eu quero poder viver de escrever, eu quero que a profissão de escritor(a) seja uma possibilidade no Brasil. -

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  19. Sabe como achei esse post? Procurando o seu livro para baixar. Estou envergonhada depois do que li. Eu posso, sim, pagar 20 reais pelo seu livro. Apenas me acostumei a baixar tudo. Antes que janeiro acabe, o primeiro livro vai estar nas minhas mãos. Desculpe, sinceramente.

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